Cristiano Mezzaroba, UFS/INCT-CNPq
Silvan Menezes dos Santos, UFAL/INCT-CNPq
Eduarda Moro, NEPESC/UFSC/INCT-CNPq
Na configuração do INCT Estudos do Futebol Brasileiro, temos quatro linhas de pesquisa, com cada uma delas tendo sido responsável por criar e articular Grupos de Trabalho dentro da programação do evento que ocorreu em Florianópolis, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no período de 05 a 07 de agosto de 2024, com a denominação “I Encontro INCT Estudos do Futebol Brasileiro: Produções e Epistemologias Futebolísticas”.
Com relação especificamente à linha “Mídias, torcidas e movimentos antirracistas no futebol brasileiro”, foram constituídos 4 GTs:
Mídias e Aspectos Midiáticos do Futebol
Torcidas Organizadas, Coletivos e Movimentos de Torcedores
Movimentos Antirracistas no Futebol
Estádios de Futebol
Neste texto, trazemos uma descrição e algumas reflexões – dando um sentido de “memória” ao evento – concernentes ao primeiro GT, “Mídias e Aspectos Midiáticos do Futebol”. Os(a) autores(a) que escrevem este balanço tiveram como função a coordenação e/ou serem debatedores(a) das 3 sessões ocorridas entre os dias 06 e 07 de agosto, no período matutino, nas dependências do Centro de Desportos da UFSC.
Conforme a ementa do evento, o GT Mídias e Aspectos Midiáticos do Futebol teve como foco a discussão de trabalhos concluídos e em andamento que tratassem da dimensão do campo midiático quanto às múltiplas dimensões do futebol que se expressam nos diferentes meios de comunicação e na cultura digital em geral. O GT recebeu 16 trabalhos, sendo que 12 foram apresentados, 1 migrou para outro GT a pedido de seus autores(as) e 3 não foram apresentados devido ao não comparecimento dos(as) autores(as). Sobre esse quantitativo, avaliamos que, por ser a primeira edição do evento, foi um bom número de trabalhos recebidos, perspectivando-se, na sequência, que mais pesquisadores e pesquisadoras venham a se somar com as chamadas da Linha de Pesquisa e do GT nos próximos eventos.
Na primeira sessão do GT, ocorrida na manhã do dia 06 de agosto, das 8h às 9h45, foram 3 trabalhos apresentados, tendo a coordenação do Prof. Dr. Cristiano Mezzaroba e o papel de debatedor ficando a cargo do Prof. Dr. Silvan Menezes dos Santos.
Lucas Vinícius Araujo Lisboa apresentou o trabalho “Racismo e esporte: uma análise envolvendo o futebol na cobertura da Folha de São Paulo de 2017 a 2021. O trabalho teve como coautores: Silvio Ricardo da Silva, Antonio Jorge Soares e Cristiano Mezzaroba.
Giovana Liz Silva Neves e Ana Gabriela Alves Medeiros trouxeram a público a pesquisa “O futebol de mulheres no Instagram da Confederação Brasileira de Futebol”. O trabalho teve como coautores: Matheus Santana Fernandes, Ester Santos Silva, Talyta Fagundes Teixeira Silva.
Laiana Pereira da Silveira (e sua orientadora Francisca Ferreira Michelon) apresentaram a pesquisa “Práticas de consumo da torcida gremista: influência ocasionada na temporada 2022/2023”.
Seguindo nessa mesma manhã, tivemos a segunda sessão, entre 10h e 11h30, também com 3 trabalhos apresentados, tendo como coordenador o Prof. Dr. Silvan Menezes dos Santos e como debatedor o Prof. Dr. Cristiano Mezzaroba.
Beatriz de Franca Alves trouxe o trabalho “Racismo, esporte e mídia: uma análise da cobertura da Folha de São Paulo de 2018 a 2021”. O trabalho teve como coautores: Silvio Ricardo da Silva, Antonio Jorge Soares e Cristiano Mezzaroba.
Luiz Henrique Zart apresentou a pesquisa “Entre a repetição e a provocação: entrevistas coletivas em eliminações do Palmeiras na Libertadores”.
Marcelo Alves de Resende e Leda Maria Costa abordaram a pesquisa “A amarelinha é de quem? Narrativas midiáticas para o ‘dessequestro’ da camisa da seleção brasileira de futebol”.
Já na terceira e última sessão, ocorrida na quarta-feira, durante toda a manhã, a função de coordenador ficou a cargo do Prof. Dr. Silvan Menezes dos Santos e como debatedora tivemos a participação da psicóloga e doutoranda do Programa Interdisciplinar em Ciências Humanas da UFSC Eduarda Moro. Foram 6 trabalhos apresentados nesse dia.
Raphaela Xavier de Oliveira Ferro apresentou sobre “A paisagem sonora generificada do futebol no rádio esportivo”.
Silvan Menezes dos Santos e José Cícero Pereira abordaram a pesquisa “Meninas ribeirinhas e ídolos do futebol brasileiro: um mergulho mágico no Baixo Rio São Francisco”. O trabalho teve como coautores: Rose Tatyanne de Souza Tavares, Leonea Vitória Santiago e Gustavo Gomes de Araújo.
Uilson Santos da Silva Júnior trouxe a pesquisa “Futebol, jornalismo esportivo impresso e ciberespaço: perspectivas midiáticas”. O trabalho teve como coautores: Arnaldo Sifuentes Leitão e Rafael Moreno Castellani.
Verônica Toledo Saldanha e Renato Machado Saldanha apresentaram dois trabalhos, “A história da seleção da Frente de Libertação Nacional da Argélia (1958-1062)” e “‘Livrai-nos do foot-ball, amém’: o esporte visto pelo Lar Catholico, em Juiz de Fora – MG (1920-1940)”.
Victor de Leonardo Figols trouxe a pesquisa “La guerra del fútbol: a midiatização do futebol espanhol e os direitos de transmissão anos 1990”.
Como mencionado, este texto tem como função servir de registro histórico desse primeiro evento ocorrido em agosto de 2024. Assim, de forma sintética, avaliamos que o conjunto de textos recebidos, apresentados e discutidos nos permite traçar o seguinte panorama:
Observamos uma grande qualidade na apresentação e na discussão dos trabalhos, mesmo os trabalhos oriundos de iniciação científica.
Foi possível confirmar a dimensão interdisciplinar das investigações sobre o futebol como objeto da sociedade e da cultura brasileira. Participaram professores/as de Educação Física, da Comunicação/Jornalismo, da Publicidade/Marketing e da Moda. Para os próximos eventos, seria importante que agentes da Sociologia, da Antropologia, da Filosofia, da Pedagogia e da História, por exemplo, viessem a se somar com suas pesquisas no GT.
Constatamos também uma diversidade metodológica nas abordagens de pesquisa. Tivemos pesquisas documentais envolvendo mídia impressa e fontes documentais institucionais; pesquisas descritivas acionando rádio, internet, redes sociais, canais oficiais dos clubes e de confederações; e também tivemos uma pesquisa etnográfica.
O GT integrou pesquisas realizadas em níveis diferentes, apresentadas tanto por estudantes de graduação, quanto por agentes com mestrado e doutorado, e também professores(as) do ensino superior.
O conjunto de pesquisas evidenciou o olhar amplo para as questões midiáticas e de consumo envolvendo o futebol brasileiro e mundial.
Nota-se uma interseccionalidade envolvendo questões étnico-raciais, de classe social e de gênero/sexualidade nas diversas pesquisas.
Tivemos a participação de agentes de diversas instituições brasileiras, dos seguintes estados: Sergipe, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Goiás, São Paulo, Bahia, Alagoas e Pernambuco.
Não nos restam dúvidas de que, com a constituição do INCT Estudos do Futebol Brasileiro, a academia e a ciência brasileira passaram a produzir e a fomentar olhares ampliados, interdisciplinares, críticos e propositivos no que se refere ao futebol como elemento identitário da sociedade e da cultura brasileira. O “I Encontro INCT Estudos do Futebol Brasileiro: Produções e Epistemologias Futebolísticas” já permitiu constatar que suas ações, no que se refere às dimensões midiáticas, traz questões importantes e a necessidade de mobilização de uma rede de coletividade que vai se ampliar para compreender de forma mais aprofundada e complexa esses processos sociais, culturais e históricos.
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